Eu não conseguia ver, não como mandavam os padrões, minha visão limitada não me permitia saber a cor de seus olhos, como seu nariz podia ser engraçado ou o formato único e peculiar de seu corpo… Mas eu via seu interior… Conseguia enxergar a beleza de sua alma e o formato que você teria se o seu interior fosse mostrado…

Enquanto meus dedos tateavam delicadamente sua face, tentando equilibrar o que meus dedos sentiam e a forma que minha mente percebia, as coisas a volta perdiam o sentido, aprendi, com o tempo, que as pessoas consideradas belas, eram, quase sempre, vazias, não me entendam mal, elas possuíam sua peculiaridade como qualquer um de nós, mas assustava-me o fato de uma linda atriz, adorada, desejada, ser tão somente um espectro gélido, fantasmagórico… Em contrapartida, aqueles que não alcançavam o status desejado pela sociedade… Esses me encantavam… Resplandeciam, eram a personificação da perfeição, tão intensos, vibrantes e seus formatos… Alguns ficam em minha mente durante tanto tempo, que eu tinha de afastar-me da pessoa para resistir aos impulsos criados em meu corpo.